A adenomiose é uma condição ginecológica benigna caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres em todo o mundo enfrenta essa condição. Essa prevalência leva muitas pacientes aos centros cirúrgicos anualmente, que recorrem à cirurgia para remoção dos focos da doença ou pela histerectomia, como foi o caso da cantora Simone, que revelou ter passado pela remoção do útero após o diagnóstico da doença.
Segundo o radiologista especializado no diagnóstico da mulher, sócio-diretor da Clínica de Saúde e Imagem (CSI) e membro titular do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) João Rafael Carneiro, aproximadamente um terço dos indivíduos com adenomiose não manifesta sintomas, o que atrasa o diagnóstico. "Quando eles aparecem, os principais indícios incluem cólicas menstruais e aumento do fluxo menstrual, podendo, em casos mais graves, resultar em anemia. A dificuldade de conceber também pode ser um dos sinais que devem lembrar a possibilidade de adenomiose. Portanto, é importante realizar exames para determinar se a pessoa possui adenomiose", explica.
O especialista afirma que o diagnóstico geralmente é realizado por meio de exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética. "Atualmente, a ultrassonografia transvaginal é considerada o principal exame de imagem para diagnosticar a adenomiose. Já a ressonância magnética é uma abordagem mais precisa para o diagnóstico da adenomiose, sendo utilizada como segunda opção em casos de diagnóstico incerto ou para planejamento cirúrgico".
De acordo com o ginecologista e especialista em cirurgia minimamente invasiva, Alexandre Amaral, que atua na CSI e no Núcleo de Endometriose e Fertilidade da Bahia, a detecção precoce proporciona oportunidades mais favoráveis para o tratamento e preservação da fertilidade. "O tratamento pode ser medicamentoso, através de hormônios que bloqueiam a menstruação, como os DIU's hormonais; ou cirúrgico, priorizando técnicas cirúrgicas conservadoras que mantêm o útero e as chances de gravidez, explica Alexandre. "O tratamento cirúrgico conservador consiste na retirada da área de adenomiose focal, o adenomioma, e pode ser realizado por meio de técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia e a cirurgia robótica".
O tratamento minimamente invasivo é uma alternativa para as mulheres que desejam preservar o útero. Outra possibilidade é a histerectomia, cirurgia de retirada completa do útero, como aconteceu com a cantora Simone, uma opção definitiva de tratamento da doença que é a escolha de muitas pacientes. "Como se trata de uma doença com sintomas variados e que pode estar associada a outras condições ginecológicas, como miomas, pólipos e endometriose, o tratamento da adenomiose é individualizado e precisa levar em conta os desejos e necessidades da mulher. O avanço das técnicas cirúrgicas vem para ampliar o leque de possibilidades para essa paciente", avalia o ginecologista.
Associado ao tratamento, os médicos enfatizam que é fundamental a mudança no estilo de vida para reduzir a inflamação e controlar a doença. "É muito importante que essa paciente busque melhorar a alimentação a partir do consumo de alimentos mais naturais e menos inflamatórios, mantenha a prática regular de atividade física pelo menos três vezes na semana, regule o estresse e tenha uma boa higiene do sono".
Mín. 20° Máx. 32°