Doenças oculares atingem mais o público feminino e oftalmologistas explicam os motivos e como evitá-las

Na Oftalmologia, as mulheres podem ser mais vulneráveis ao desenvolvimento de problemas oculares, se comparadas aos homens. Isso ocorre por fatores diversos, sobretudo por questões naturais femininas, a exemplo da menopausa e da gravidez, sem falar em hábitos comportamentais que também podem ser prejudiciais, como explica Carolina Daltro, médica oftalmologista da Oftalmoclin – unidade que faz parte da Rede Integrada Opty, em Salvador.

"No universo biológico feminino, temos as alterações hormonais como principais motivos para o surgimento de problemas oculares. No caso da menopausa, que corresponde ao último ciclo menstrual da mulher, ocorre a interrupção da produção de estrogênio, hormônio que pode causar alterações no filme lacrimal, levando ao quadro de olho seco, por exemplo", conta Carolina Daltro.

A oftalmologista Dra Camila Koch, do Instituto de Olhos Freitas – também integrante da Opty na capital baiana, cita a gravidez  como um período marcado por mudanças físicas, emocionais e psicológicas nas mulheres. "A visão também pode ser afetada nessa fase da vida, pois há uma retenção natural de líquido no organismo, provocando não só inchaço nos pés, como pode ter alteração do formato e da espessura da córnea e do cristalino, ocasionando mudanças refracionais, ou seja, no grau dos óculos e/ou das lentes de contato. Além disso, a gestação pode potencializar a sensibilidade à luz (fotofobia) e o aparecimento de 'moscas volantes', que são manchas na visão que se parecem com pontos ou fios pretos que flutuam diante dos olhos", detalha a médica.

Dra Camila Koch chama atenção para a pré-eclâmpsia — que provoca aumento da pressão arterial e eventualmente ocorre a partir da 20ª semana de gravidez — e o diabetes gestacional, que podem acarretar perdas graves de visão. "Os quadros geralmente regridem logo após o parto, mas existe a possibilidade de sequelas, a exemplo do surgimento ou agravamento da retinopatia diabética (doença que pode levar à cegueira). Por isso, o acompanhamento oftalmológico é fundamental em todas as fases, e isso inclui a menopausa, a gravidez e o pré-natal. Mulheres que já têm condições pré-existentes, como diabetes e glaucoma, os cuidados devem ser redobrados", recomenda a oftalmologista. 

Envelhecimento da população

A oftalmologista Débora Luna, da OftalmoDiagnose – clínica vinculada à Opty, destaca a expectativa de vida no Brasil, que, segundo dados mais recentes do IBGE (2023), é de aproximadamente 80,1 anos para mulheres e 73,6 anos para homens. Com base nisso, a médica aponta que as mulheres, por viverem mais, podem estar mais suscetíveis às doenças relacionadas ao envelhecimento, como a catarata, prevalente em idosos, e a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), uma condição que compromete progressivamente a visão central, sendo mais comum em pessoas acima dos 60 anos, embora possa se manifestar a partir dos 50.

Além do envelhecimento natural, a oftalmologista menciona outras causas que podem contribuir para o surgimento de problemas oftalmológicos, especialmente nas mulheres: "Doenças sistêmicas como diabetes e condições autoimunes, fatores genéticos, imunidade debilitada, deficiências nutricionais – como a falta de vitaminas A, C e E –, além de hábitos de vida pouco saudáveis, como exposição prolongada ao sol sem proteção, tabagismo e até mesmo o uso inadequado ou excessivo de maquiagem e de cílios postiços , que podem afetar a saúde ocular", explica.

Cuidados

Para Débora Luna, independentemente do gênero, a prevenção é essencial em todas as fases da vida. Além de consultas oftalmológicas regulares – recomendadas anualmente ou conforme orientação médica –, adotar um estilo de vida saudável é fundamental para proteger a visão. "Evitar o tabagismo, manter uma dieta rica em antioxidantes e nutrientes como ômega-3, praticar atividades físicas, conhecer o histórico familiar de doenças oculares e usar óculos de sol com proteção contra raios UVA e UVB são medidas importantes, especialmente para as mulheres, que têm maior longevidade", recomenda. A oftalmologista reforça que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem prevenir a progressão ou até reverter alguns problemas oculares.